Recentemente o Coletivo Garapa surpreendeu com o trabalho “Deslocamentos”, uma série de fotonas coladas em pontos escolhidos da cidade. A partir de uma coordenada de origem e a 20km, 30km de um ponto de partida em linha reta a partir da coordenada de origem tal, por exemplo, descobrimos que veríamos uma linha de trem em Marsilac [acima] não fosse pelas construções obstruindo a paisagem. Ou que a -23 4416 - 46.6547 temos uma parede verde de Mata Atlântica lá longe na Cantareira. Num resumo visual o resultado desse trabalho são lambes bucólicos pregados em pontos nervosos da cidade, como a pilastra do Elevado Costa e Silva ou a parede do Viaduto Pacaembu.
A rapaziada do Garapa está preparando uma série Deslocamentos para Vila Madalena, trampo especial para a Mostra. Esta semana conversamos com o Leo Caobelli.
O COLETIVO.
Somos em 3: eu, Paulo Fehlauer e Rodrigo Marcondes, todos jornalistas. Em 2007 eu e o Rodrigo conhecemos o Paulo na Folha de São Paulo. Em muitas "reuniões" no Folhão [bar em frente ao prédio da Folha], nosso assunto principal girava em torno de como dar saída a todo material que produzíamos diariamente [em média 3 pautas por dia] e que emplacava uma ou duas imagens no jornal. Como o Paulo já tinha experiência com web desenvolvemos um site e fomos publicando histórias feitas para a Folha e também materiais que começamos a criar no tempo livre. Assim conseguimos criar o coletivo e conquistar espaço até dentro da redação. Nas eleições municipais de 2008 produzimos 2 especiais multimídia para o jornal. Em 2009 saímos da Folha e nos dedicamos ao nosso primeiro ensaio autoral, o Morar, sobre a desapropriação do edifício Mercúrio. A pouco retomamos essa história para entender como o fato ocorrido no início de 2009 tinha impactado a vida dos moradores e da região passados quase 3 anos depois.
O NOME.
O nome saiu numa dessas reuniões no Folhão. O Rodrigo mandou "Garapa" e fechamos na hora! Soava bem, era regional, brasileiro e gringo ia conseguir falar! Além de tudo, o suco da cana de açúcar era o primeiro passo pra dar origem a cachaça, companheira de todas as reuniões no Folhão.
DESLOCAMENTOS.
Idéia em coletivo é algo que não tem muita origem definida, elas vão surgindo em conversas, trabalhos, discussões... Lembro muito do Paulo falar que Marsilac parecia outra cidade depois de ter feito algumas pautas pra Folha. Gravando depoimentos para uma ONG voltamos ao mesmo bairro e fomos entendendo cada vez mais os limites da cidade... a semente da idéia estava lá, em gestação, quando a Sil, uma das sócias da Frida (http://www.frida.net.br/) nos chamou a atenção para um edital de intervenção na cidade. Redigimos o projeto pensando nessa cidade que se desconhece, nos limites de uma São Paulo enorme e no fato de habitarmos uma das maiores metrópoles do mundo, mas reduzirmos nosso cotidiano a 4 ou 5 bairros pelos quais circulamos. Queríamos que o centro de SP fosse um marco dessas distâncias deslocadas, paisagens desconhecidas, o projeto nasceu assim.
PARA A MOSTRA.
Para a Vila Madalena nossa idéia é de ampliar o horizonte. E se as construções que vemos na rua não estivessem no nosso campo visual, o que enxergaríamos? A idéia é dialogar com a densidade do bairro e seu passado de grande fazenda dividida entre 3 irmãs que hoje são bairros (Madalena, Beatriz e Leopoldina). Por morar na Vila tenho caminhado pensando não só em um muro bom, mas qual deles pode descortinar esse horizonte que buscamos. Por enquanto ainda estamos mapeando.
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